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Número dois - o dia dos Ena Pá 2000 na ExpoFoda |
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ENA PÁ 2OOO, PUTAS E PANELEIROS
O
relógio aproximava-se perigosamente da meia-noite. Manuel
João ataca o tema “A luta continua”, de punho esquerdo erguido. Depois
dedica “Paneleiro” ao “stand” Gay. E também ao “Jornal do
Gaiato”. -
Pane, pane, pane, paneleiro... toma, toma, toma, toma duche no
chuveiro... chupa, chupa, chupa no gelado. Entre
músicas: “Quero mais uma imperial ou duas,
por favor”. Saúda
o público: “Boa noite. É um prazer estar na Feira Erótica de Lisboa. É uma iniciativa feliz do nosso Governo. Eles querem tudo do melhor para nós”. Igual a si mesmo, de seguida abalançou-se a “uma homenagem ao III Reich”, através de “As Irmãs Marlene”. Atente-se na riqueza lírica da letra: chamava-se Irene, tinha cuecas de tirilene. A irmã São tinha cuecas de algodão. E também comiam palitos La Reine e durante a guerra fodiam como o caraças. O
tema “Quero foder contigo”, êxito certinho e certeiro, provocou a
‘atesão’ total do maralhal. Uma singela verbalização dos
pensamentos que andam todos os dias no ar da ExpoFoda, dirigidos
telepaticamente às “stars”. O público cantou com Manuel João. O
carismático percussionista e vocalista Ferro (anunciado como Fátima
Felgueiras, regressado do Brasil) fez voz de falsete e seguiu jogo. Mais
tarde, dava um ar da sua graça com a costela de “El Chiquito”, em
voz de Feira Popular: “É a roda em movimento, há bolacha americana,
batata frita”. Manuel
João vem à boca de cena. Tira os óculos escuros. Fica com um copo de
cerveja na mão direita e os óculos na mão esquerda. Vinte
e dois minutos após a meia-noite o grupo começa o tema em jeito de
James Brown e leva a assistência ao rubro com “Vida de cão”. Até
uma bailarina do “Paserrelle” esteve na primeira fila a assobiar e
aplaudir. Tempo
ainda para mais uma aproximação às funcionárias dos serviços
sociais: “Puta, o meu coração palputa...”. E
a despedida, em tom “country”, com a turba em coro a exultar: “Vieira,
Vieira, Vieira”. Ena
Pá 2000, aquela máquina, aquela imagem de marca. Uma
lição de subversão que podia ter inspirado Alexandre Dumas: “Vinte
anos depois”. A pedalar na bosta, dizem eles. Mas com que pedalada. No palco faltou Gimba, desta vez no som, já em “reforma activa” dos Ena Pá 2000. E o grande “Faquir Místico dos Himalaias”, também conhecido como “A barracuda de Trás-os-Montes”. É ele Pedro Cavalheiro, autor de BD, poeta e ilustrador. Mais conhecido por comer peixe cru nos espectáculos dos Irmãos Catita. L.G.
GOOD
VIBRATIONS O Toy Joy (o famoso vibrador de 72 velocidades) continua o seu percurso triunfante... (são
4 e 33 da madrugada, só bebi uma Coca-Cola hoje e estou a ficar cansado
como o caralho, apesar da tesão pela escrita que sempre revelei. Ponham
lá bolinha ao canto superior direito do ecrã. A partir deste momento
estou a escrever sob o efeito de “Don’t Get Around Much Anymore”,
de Rob McConell e the Boss Brass. É jazz, seus estúpidos!) ...
percurso triunfante na loja da DXD. Ontem vendeu 18 “espeleólogos de
invasão sistemática em ritmo binário”, hoje avançou até aos 28!
Quem pára a tecnologia de ponta, grande auxiliadora das mulheres que
casam com homens sem a referida ponta? Segue
jogo. Vamos para outra loja. Pode ser o cantinho da SUNNYDALE (www.sunnydale.es).
Um senhor e uma senhora espanhóis simpáticos fizeram o ponto da situação
ao cair do pano do Day 2 do glorioso evento português que deveria ter
sucursal nas Caldas. Top
One para o “Micro Anel”, preservativo que vendeu à volta de 300
unidades em dois dias. No segundo lugar do pódio está o “Supper Glow
Rubber”. Lembram-se daquelas camisinhas que brilhavam no escuro, na
deliciosa comédia com John Ritter? O nome?...Ah! “O amor é uma
grande aventura”. Vi no S. Jorge, ali da Avenida que era da Liberdade
e agora é dos espanhóis e dos holandeses, ao que parece. Em
terceiro lugar, o “Inspiral”. Disseram-me que era o “único
preservativo do mundo que dá prazer ao homem e à mulher”. E parece
que é líder de mercado nos Estados Unidos. Mas
esta história é tanga. No Ano Propedêutico, uns colegas meus da
Cooperativa de Ensino Almada Negreiros encheram um preservativo com água
e penduraram-no à varanda do estabelecimento de ensino, no primeiro
andar da Av. República, esquina com a Visconde Valmor, ao pé do Galeto.
Por acaso o prédio é belíssimo. Prémio Valmor. Eu nasci do outro
lado do alcatrão. O
preservativo tinha um cordel de um pacote de bolos da Versailles a
sustentá-lo. De maneira que quando se dava um pequeno toque com o pé,
no cordel, o preservativo vinha acima e abaixo tipo yôyô, mergulhando
à altura da cabeça das pessoas e pregando sustos. E este preservativo
deu imenso prazer aos rapazes e raparigas que estavam a assistir à
cena. A ideia não foi minha, mas fiquei a ver o panorama. Passada
meia-hora a conspiração foi descoberta e a menina da secretaria
confiscou o preservativo, levando-o pela trela. E a malta: “De
que raça é o seu cãozinho?”. Ou seja, fodeu-nos o
preservativo e o plano saiu furado, com 30 minutos de jogo. Voltando
ao topo da Sunnydale. Também se vende muito bem o “Pheroman”. É um
frasquinho tipo acetona que tem feromonas. Eu pensava que feromonas era
assim uma coisa tipo cabeças de leão ou tigre. Mas
não! Explicaram-me: “As
feromonas são o nosso cheiro animal e atraem as pessoas, como atraem os
animais”. Depois puseram-me uma pitadita no braço. Até
agora, nada. Estou aqui no quarto e não há mulheres a gritar na rua: -
Vem, amor! Faz-me tua! Deixa-me chupar-te nas feromonas! Vem-te nas
minhas amígdalas! Seguimos
agora para a lindíssima ORGASMIK TOYS (orgasmiktoys.com).
Aquilo parece uma casa que vende jóias ou relógios suíços. -
O meu general dá licença? E
o senhor Ing. Gabriel F. Otero (Gerente General), que foi muito simpático
e deixou por momentos a loja em hora de ponta (todas as horas são de
ponta na ExpoFoda. Beba Sagres, Infante D. Henrique!) lá disse que
aquilo na Orgasmik Toys estava de feição para o Orgasmospolis
Flexoflesh, que se vai deformando no decorrer da competição ao jeito
dos praticantes. Há com e sem vibração. E agora, em rigoroso
exclusivo: foi estreia mundial em Lisboa, na ExpoFoda! Ah! Príncipe
Valente! Vendeu na ordem das dezenas e custa 45 euros. A
seguir no top a lingerie em couro ou erótica, que também vende, veste
e despe muito bem. A menina Samantha de Cali, por exemplo, andava lá a
espreitar as montras. E ela gasta cerca de 1200 euros por mês em
lingerie e trapinhos, já para não falar dos cerca de 300 em calçado.
Brio profissional, é o que é! Venham
daí até à PÉROLA DA COSTA (www.sexyloveshop.com).
Foi lá que o Luís Miguel (com uma T-shirt preta com um diabinho muito
parecido com o Brasinha a preparar-se para acanzanar uma diabinha de ar
meigo. Não há destas T-shirts à venda. Foda-se!) disse de sua justiça,
numa loja onde a vibração é menor e os “auxiliares de
auto-prazer” fecham o top five à justa. Porquê? “É
muita concorrência”. Ora
bem, na “Pérola” o que vende mais são os jogos diversos (cartas,
dominós, dados) quase sempre comprados por casal de papel passado ou
namorados. Depois vêm as brincadeiras para as despedidas de solteira, a
cerca de 50 metros, mas ainda a revelar frescura e com dois bidões de
Isostar cheios, a bonecada. E as canecas também saem muito. Então
isto está a correr bem? “Está
a superar as expectativas. E acho que no fim-de-semana ainda vai ser
melhor”. Não
vai nada. No fim-de-semana acaba o Salão. E depois, o que vai ser de
mim? Há um concerto de Count Basie no Estoril Jazz, a dia 10, mas as
gajas boas estão todas ocupadas. É
o deserto, até à segunda edição do Salão. Eu merecia uma comenda do
Jorge Sampaio. Assim uma coisa tipo passe social dos clubes de strip: “Eu,
Jorge Sampaio, no exercício das funções que me são confiadas,
declaro solenemente, por minha honra, que o senhor Luís Graça está
autorizado a entrar, circular e sair livremente em todos os clubes de
strip de Portugal e arredores ajardinados. E mais se notifica que poderá
usufruir de três Private Dance por noite, com direito a Drambuie ou
carioca de limão. Todas estas prerrogativas podem ser trocadas por sexo
oral ao pé da minha casa, ali ao Parque Eduardo VII”. L.G.
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DICKATORIAL VIVER, MORRER E FODER
“Portugal
é o melhor país do mundo para viver, morrer e foder”. As
palavras foram proferidas por Manuel João Vieira, ontem travestido de
Capuchinho Preto em versão Sado-Maso com bigode à bandido mexicano,
durante o glorioso espectáculo dos Ena
Pá 2000, a comemorar 20 anos a pedalar na bosta. Tem
toda a lógica que os Ena Pá 2000 marquem presença no Salão. Foram 20
anos a proferir obscenidades, num enleio tão ternurento como ordinário
com o sexo. Sempre servido por uma profusa dose de inteligência
subversiva. E qualidade musical indiscutível. Porque
se o Salão ainda agora lançou âncora nas águas do Tejo, os Ena Pá
2000 já afundaram muitas âncoras da moral portuguesa, completamente
enterradas no lodo do ridículo nacional. Ontem,
durante 60 minutos bem esgalhados, os Ena Pá provaram que era possível
prender meia centena de pessoas ao palco onde actuaram, ignorando por
completo o resto do Salão. As
quatro fálicas guitarras da formação funcionaram como os quatro
cavaleiros do Apocalipse, a anunciar um novo tempo. Um tempo em que a
ExpoFoda passará a fazer parte normal da vida lisboeta. O
público continuou a afluir em número significativo, com bichas de
centenas de metros a duas horas de encerrar o certame. E alguns
desistiram por comodismo ou por falta de fé. O
volume de negócios continua em alta, ainda não ouvi ninguém a
queixar-se de que o negócio estava a correr mal. E até os táxis andam
de viradinho entre o Vasco da Gama e os destinos dos espectadores que
chegam ou deixam o Salão. As
“erotic stars” também não têm mãos a medir. Se o cansaço se faz
notar em algumas, outras estão ali para as curvas, cheias de pedalada.
Nomi, por exemplo, continua a exibir um fabuloso sorriso e uma frescura
notável. Não resisti e ofereci-lhe dois álbuns do nosso herói Milo
Manara, o “maestro” de Bolzano da BD erótica. A Nomi só tinha o
“Clic”, eu ofereci-lhe o álbum de ilustrações e texto “As
mulheres de Manara” e “Gulliveriana”. Ganhei mais um magnífico
sorriso em grande plano. À partida, não tinha os livros a caírem-me do
céu, mas descobri uma Feira do Livro à saída do Metro e foi que nem
sopa no mel. Eu
sei que sou um romântico. Em vez de lhes dar umas grandes fodas (utopia
e ordinarice), dou-lhes grandes livros. É muito melhor numa perspectiva
cultural. E se algo acontecesse entre mim e Nomi, por certo seria ela a
dar-me um belíssimo tratamento e não o contrário. Mal
cheguei hoje ao Salão ouvi o violino de Vanessa Mae e entrei a correr
no palco da IFG, para apanhar o strip de Bibian Norai. Quem estava lá?
O meu amigo Gimba, a preparar mais um “National Gimbographic” para o
Cabaret da Coxa de terça-feira. E lá entrevistou outra vez este vosso
criado, tratando-o pelo seu heterónimo Dick Hard. Lá filosofei sobre o
acontecimento, tipo Professor Marcelo. Há três coisas de que sei mais
do que ele: ténis, futebol, literatura e pornografia. Olha, são
quatro. O melhor é “entrar de novo na frase”, como fazia o Michael
Palin dos Monty Python no sketch da Inquisição Espanhola. Depois
andei por ali a peregrinar com o Gimba e acabei por retomar contacto com
o meu ex-colega de turma da Eugénio dos Santos, o Manuel Pereira. Não
sabem quem é? E se eu vos falar do João Cabeleira, dos Xutos e Pontapés?
Ah! pois é! O João Manuel Pereira Cabeleira foi meu colega na escola
de Alvalade. Já não fazia ideia de quem eu era. Mudei um bocado. Mas cá
por casa ainda há filmes de 8 milímetros (nem sequer Super 8) com a
malta a jogar à bola. Os filmes eram da autoria da minha mãe, uma
anti-Manoel de Oliveira “avant-la-lettre”. Ou seja, só em slow
motion é que se conseguia perceber qualquer coisa. Mas bem
conversadinho, o filme podia participar numa das próximas edições do
Indy Lisboa, se fosse descrito como “uma abordagem pós-moderna na
problemática do corpo da criança e do seu fruir psicossomático na
construção da personalidade motriz”. Com um título assim:
“Children in the playground, um ensaio sobre a pré-adolescência no
país ibérico mais ocidental do Mundo”. O meu pai, que é oficial do exército, embarcou várias vezes para África. Havia um filme cá em casa. Eu gramava à brava brincar com aquilo. Quando o batalhão estava quase a entrar no barco, eu dizia: “Atenção, batalhão. Já não se embarca. O Salazar mandou esperar”. E punha o filme a andar para trás. Depois dizia: “Afinal já é para embarcar outra vez. Parece que há paisagens bonitas”. E toca com o filme para a frente. Tantas fiz que parti o filme. Para os mais lentos de compreensão, sempre digo que isto tem tudo a ver com o Salão Erótico. E além do mais eu escrevo o que me apetece. Prontos! Dick Hard
OS PORTUGUESES SÃO PELUDOS
“Os
portugueses são peludos”, disse a Delfynn Delage (www.delfynndelage-officiel.com).
Foi num joguinho de palavras que eu lhe propus no “stand” na Natural
Video (www.naturalvideo.pt),
onde estava com a Dolly Golden (www.dolly-golden.com),
que tem o apelido Golden porque o traseiro lembra o formato de uma maçã
Golden. (Atenção,
vi isto numa entrevista. Esta não é gozo da minha parte) O
jogo era assim: eu dizia uma palavra, as meninas respondiam com outra.
Para variar do “gostas mais de levar com ele
na bilha ou preferes minete? Tens namorado fixo ou gostas mais de
palavras com prefixo?”. Embora
lá que se faz tarde (Ena pá 2000, são 5 e 30 da madrugada e amanhã
(hoje, hoje) quero ver a selecção de voleibol a jogar com o Japão, ao
meio-dia! ACTOR
PREFERIDO PARA... PERCEBEM: David Perry, Marc Barreau, Roberto
Malone (escolha de Dolly Golden); Lexington Steele (Delfynn Delage). ACTOR
PREFERIDO DO CINEMA SEM INTERESSE: Robert
de Niro, Silvester Stalone (DG); Robert Hossein (DD) ACTRIZ
PREFERIDA DO PORNO: Jenna
Jameson (DG); Delfyyn Delage (DD) DESPORTO
FAVORITO: Fitness
(DG); Dormir (DD) DEFINA
OS PORTUGUESES NUMA PALAVRA: Peludos.
Mas, “mignons” (giros), mais do que eu julgava (DG); Peludos (DD). CLUBE
DE FUTEBOL FAVORITO: Tenho horror ao futebol. Como equipa prefiro os Chippendale (strippers masculinos) (DG); Paris Saint-Germain. Gosto muito do Mendy (DD). L.G.
Afunda-te nos números anteriores: Número um - o primeiro dia da ExpoFoda Número zero - a apresentação da ExpoFoda
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(fo)dia-a-(fo)dia do I Salão Internacional Erótico de Lisboa. Esta página faz parte integrante do blog a
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