Apresentação - Quem é o Nelo?
Muitos dos leitores já terão passado os olhos pelas caixas de comentários e
deparado com as tiradas de uma figura que se dá pelo nome de Nelo.
- Quem é o Nelo? - perguntar-se-ão.
O Nelo é um diminutivo de Gonçalo Manuel da Silva, figura andrógina que teve
como emprego ser contínuo da Caixa da Previdência e recepcionista. Com a
chegada das novas tecnologias e modelos de gestão, tudo se alterou.
A recepção é feita por gente jovem com conhecimentos no uso do computador. Deixou
de haver papéis para entregar dum lado para outro, já que segue tudo
por intra e internet.
Às entradas dos edifícios passaram a figurar uns homens estátua a que se
chamam Seguranças e assim o Nelo, com quarenta e poucos anos, sem ter habilitações
nem conhecimentos de nada que fosse diferente do "c'est la rose l'importance",
foi reformado antecipadamente.
Tem desde há muito um relacionamento de colorido desbotado com o Lalito.
Lalito é o diminutivo de Luis António Lázaro.
Luis Lázaro é a figura típica do chico esperto, chulo e bon vivant. Não
rejeita uma volta ao lado de lá se isso der uma nota, mas gosta de mulheres e
passa a vida a tramar o Nelo, que é um ingénuo, preso aos enormes pequenos
dramas do seu mundo pouco maior que a pochete Luis Vuitton que lhe é
inseparável, excepto nas não raras vezes em que o Lalito a palma para a
devolver vazia.
O Lalito é o que se chama um homem bonito. Daqueles homens que as mulheres
sabem que é canalha mas é precisamente isso que as faz excitar.
Umas fazem por ter uma aventura com ele e dão-lhe dinheiro. Outras vivem-no secretamente
em fetiches, romances sonhados e amortizam as frustrações com
convites para chá e bolachas. Como é o caso da Dona Efigénia, esposa por força
de lei com o Nelo e que vive no extremo azul frio do mundo dos sentidos.
A todos o Lalito diz que tem um armazém em Campo de Ourique e que se dedica ao
negócio do "import- export".
Na verdade, mora num minúsculo terceiro andar na Rua Arco do Carvalhão, ali
para os lados de Campolide e não faz para ganhar a vida uma ponta dum corno,
excepto gerir com habilidade as punções do libido frustado e subliminar da D.
Efigénia.
Efigénia, senhora de descendência nobre e endinheirada, teve uma educação
esmerada, mas quiseram os Deuses passar pelo drama do esquecimento aquando
da atribuição de atributos físicos.
Após ter passado os anos de pétala, e mais de 50.000 anúncios para casamentos
nos jornais, deparou-se lhe a única oportunidade de ter algo que se parecesse
com um homem na sua intimidade.
Nelo, com poucos rendimentos da reforma antecipada, para os seus gastos
extravagantes, aceitou o conselho do Lalito que assim poderia sacar mais algum,
desde que isso não implicasse aproximar-se de mais da Efigénia, cuja
beleza e elegância, excluindo as da educação, são parelhas ao corte artístico
e sensível de um par de botas da tropa.
Vivem em Lisboa, nas Avenidas Novas, num duplex propriedade da D. Efigénia, mas
o Nelo mantém secreto o apartamento de solteiro, um T0 algures na rua
Castilho, lá para o extremo Sul, onde se mistura com outras ruas da velha
Lisboa.
Nos baixios do prédio onde vive o casal, há um café e um cabeleireiro.
A menina do café chama-se Isabel e no coiffeur os nomes não dão para
fixar pois mudam constantemente, mas a proprietária é uma senhora elegante de
quem
o Nelo tem ciúmes pois o Lalito gosta de ir lá cortar o cabelo... fora de
horas.
A Gerência da funda São